Este artigo discute como os mapas colaborativos podem subverter a lógica de vigilância e poder ao permitir que cidadãos editem e adicionem informações. Analisa especificamente o mapa #buracosfortaleza, que mapeia buracos nas ruas de Fortaleza. Argumenta que este mapa permite que os habitantes expressem insatisfação e atualizem informações de forma descentralizada.
Referência:
DAGNINO, R. Mapas colaborativos no Google My Maps. Material didático para o Minicurso - MC05 "Mapeamento Ambiental Participativo como subsídio à governança e gestão dos recursos hídricos" durante o XXIV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos - 2021. (Ministrantes do curso: Flavia Darre Barbosa, Salvador Carpi Junior, Ricardo de Sampaio Dagnino)
Disponível em: https://professor.ufrgs.br/dagnino/classes/minicurso-map/tutorial-my-maps
Cartografia 2.0: Pensando o Mapeamento Participativo na InternetPaulo Victor Sousa
Trabalho apresentado no XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - Intercom. Apresento aqui uma exploração por diversos exemplos de mapas online abertos à participação. Proponho, por fim, uma breve tipologia relativa aos enquadramentos temáticos adotados.
1) O documento discute como compreender e aplicar o imaginário coletivo no planejamento urbano através da leitura popular de espaços públicos.
2) Foi realizada uma pesquisa com usuários de uma praça em Curitiba para obter subsídios que possibilitem criar diretrizes de planejamento mais próximas à realidade dos cidadãos.
3) Os autores defendem que instrumentalizar a leitura da comunidade pode abrir um diálogo entre técnicos e cidadãos que leve a planos diretores mais participativos.
Ferramentas SIG – Sistemas de Informações Geográficas para o Planejamento Pa...gaup_geo
Este documento discute o potencial das ferramentas SIG na internet para ampliar a participação pública em processos de planejamento urbano. Ele descreve como as TICs e a Web 2.0 permitem que cidadãos criem e compartilhem conteúdo geoespacial, e fornece exemplos de aplicativos SIG online que promovem a participação pública.
Este documento discute o potencial das mídias locativas para fornecer novas perspectivas sobre os fenômenos sociais ao nível micro, ao contrário das abordagens mais generalizadas dos mapas tradicionais. A Teoria Ator-Rede é proposta como uma lente para analisar os dados revelados pelo mapeamento colaborativo e entender as microassociações do cotidiano. O documento também contrasta mapas tradicionais, controlados por instituições, com novos tipos de mapeamento abertos e colaborativos habilitados pelas
Arquitetura da Informação para o Diálogo Governo-Cidadão através da RedeEBAI
A comunicação bidirecional exigida pelos requisitos democráticos da comunicação governo-cidadão desafiam a comunidade que concebe sítios governamentais numa grande diversidade de aspectos. Requisitos de eficácia na comunicação web tradicionalmente já cobravam, a favor da usabilidade dos sítios, clareza e simplicidade de escrita, coerência dos conteúdos, facilidade de navegação, legibilidade e facilidade de encontrar a informação desejada.
Diálogo e participação pública, aliados à capacidade de interação promovida pela Web 2.0, incluindo a possibilidade de o usuário aportar voluntariamente informação geográfica, agregam a esses requisitos a necessidade de prover recursos para diversos e imprevistos percursos de leitura nesse grande hipertexto multimídia da cultura contemporânea no qual a Internet se constitui, que favoreçam a comunicação do usuário em muitas direções.
O presente artigo apresenta, primeiramente, as motivações que levaram à proposição do projeto de pesquisa “Internet e Interatividade para a Participação Pública”, o qual pretende estabelecer princípios e definições para projetos de sítios web que estimulem a participação pública através da ampliação do diálogo entre administração pública e cidadãos acerca de ações sobre o território. Fornece, em seguida, o enquadramento conceitual da comunicação governo-cidadão, a que se chegou a partir das primeiras leituras e discussões realizadas pelo grupo de pesquisa, que conduz provisoriamente aos caminhos de investigação que se pretende tomar a partir daqui.
(Leia o artigo completo em www.congressoebai.org)
O documento discute a construção e leitura de mapas temáticos. Sistematiza conceitos do processo cartográfico e estabelece correlação entre mapas, semiologia gráfica e preparo do construtor. Apresenta classificação de mapas quanto a modo de expressão, escala, conteúdo e outros aspectos para contribuir com a formação de construtores e leitores. Analisa a linguagem cartográfica em mapas de várias escalas.
Uso da Cartografia Digital Interativa para Participação Popular na Gestão e n...gaup_geo
Geisa Bugs, Alice Rauber. Artigo aprsentado no Simpósio Integrado de Geotecnologias do Cone Sul - SIG-SUL 2010, Centro Universitário La Salle - Unilasalle, Canoas.
Referência:
DAGNINO, R. Mapas colaborativos no Google My Maps. Material didático para o Minicurso - MC05 "Mapeamento Ambiental Participativo como subsídio à governança e gestão dos recursos hídricos" durante o XXIV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos - 2021. (Ministrantes do curso: Flavia Darre Barbosa, Salvador Carpi Junior, Ricardo de Sampaio Dagnino)
Disponível em: https://professor.ufrgs.br/dagnino/classes/minicurso-map/tutorial-my-maps
Cartografia 2.0: Pensando o Mapeamento Participativo na InternetPaulo Victor Sousa
Trabalho apresentado no XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - Intercom. Apresento aqui uma exploração por diversos exemplos de mapas online abertos à participação. Proponho, por fim, uma breve tipologia relativa aos enquadramentos temáticos adotados.
1) O documento discute como compreender e aplicar o imaginário coletivo no planejamento urbano através da leitura popular de espaços públicos.
2) Foi realizada uma pesquisa com usuários de uma praça em Curitiba para obter subsídios que possibilitem criar diretrizes de planejamento mais próximas à realidade dos cidadãos.
3) Os autores defendem que instrumentalizar a leitura da comunidade pode abrir um diálogo entre técnicos e cidadãos que leve a planos diretores mais participativos.
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Diálogo e participação pública, aliados à capacidade de interação promovida pela Web 2.0, incluindo a possibilidade de o usuário aportar voluntariamente informação geográfica, agregam a esses requisitos a necessidade de prover recursos para diversos e imprevistos percursos de leitura nesse grande hipertexto multimídia da cultura contemporânea no qual a Internet se constitui, que favoreçam a comunicação do usuário em muitas direções.
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Geisa Bugs, Alice Rauber. Artigo aprsentado no Simpósio Integrado de Geotecnologias do Cone Sul - SIG-SUL 2010, Centro Universitário La Salle - Unilasalle, Canoas.
Este documento descreve uma pesquisa sobre representações cartográficas de redes sociais em Curitiba, Brasil. A pesquisa analisou redes relacionadas a direitos sociais como saúde, habitação e educação. O estudo coletou dados sobre esses direitos na internet e os representou geograficamente para entender as interações entre atores e a extensão de políticas públicas. O documento discute abordagens para mapear redes sociais que consideram tanto o espaço físico quanto o ciberespaço.
O documento descreve o projeto "Global City 2.0", uma rede informal global que visa conectar movimentos cívicos de cidades e servir como fórum para discutir o potencial e limites da "democracia de proximidade". O objetivo é mapear iniciativas cívicas urbanas e promover o diálogo e aprendizagem entre diferentes atores.
1) O documento discute o Google Earth e como ele permite que as pessoas visualizem e interajam com o mundo de maneiras novas.
2) Aponta tanto os benefícios potenciais de empoderamento e participação, mas também os riscos de vigilância e controle.
3) Argumenta que o Google Earth pode ser uma ferramenta educacional valiosa, mas também um "poder de visão" que simula visibilidade total.
Este documento discute mapeamento participativo e coremática. Resume conceitos como cartografia social, mapeamento colaborativo e insurgente. Explica como coremática usa formas geométricas para interpretar qualitativamente territórios. Descreve como coremática pode ser usada em mapeamentos participativos para expressar dinâmicas espaciais. Finalmente, relata uma atividade prática de mapeamento colaborativo online usando ferramentas digitais.
Painel Mapas Culturais: Uma Experiência de Análise de DadosThaís Rigolon
O documento descreve a plataforma Mapas Culturais, desenvolvida para mapeamento colaborativo e gestão da cultura. Ele explica como o Painel Mapas Culturais analisou dados de instalações em São Paulo e Ceará para gerar indicadores culturais e apoiar a gestão pública.
O documento apresenta um workshop sobre mapas colaborativos. O objetivo é apresentar como criar mapas virtuais e mostrar como eles podem ser usados como ferramentas educativas, associando conteúdos acadêmicos à criação de mapas. Apresenta exemplos de mapas colaborativos como Wikitravel e Google Maps que permitem a edição e compartilhamento de informações por usuários.
O documento descreve vários mapeamentos realizados no Bairro Jardim Canadá como parte do Programa DESEJA.CA, incluindo mapeamentos de resíduos, invenções locais, desejos de jovens, jardins e restaurantes. O objetivo era produzir "atlas ecléticos" que capturassem múltiplos pontos de vista e as forças invisíveis que atravessam o território de forma mais subjetiva. Vários métodos de mapeamento coletivo e participativo foram experimentados com a comunidade.
O documento discute as motivações iniciais e objetivos de atualizar a geografia à luz do desenvolvimento das redes digitais. Seu objetivo é atualizar o conceito de redes na geografia e demonstrar como as redes digitais mudaram a integração espacial do mundo e criaram novos contextos geográficos.
O documento introduz o SIG para estudos da forma arquitetônica e urbana, discutindo sua aplicação para análise de variáveis inter-relacionadas na cidade, como usos do solo, edificações, fluxos. Apresenta elementos como quarteirão, lote e conceitos como interfaces público-privado que podem ser mapeados no QGIS para entender a vida urbana e modos de apropriação dos espaços.
1. O documento discute como as tecnologias de informação e comunicação (TICs) têm ampliado e infiltrado o espaço urbano de maneiras qualitativas e coletivas, criando "realidades e espaços ampliados".
2. As TICs catalisam transformações espaciais e experiências urbanas de três maneiras: excesso de visualidade global, fluxos de informação que estruturam novos territórios, e infiltração total das cidades alterando vivências.
3. Representações do espaço urbano influenciam o pró
Sistemas de Informação Geográfica (SIG) na identificação de padrões e modelos...Ricardo de Sampaio Dagnino
1. O documento discute o uso de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para identificar padrões e modelos de distribuição de fenômenos espaciais.
2. SIG permite coletar, armazenar, processar e analisar dados georreferenciados para identificar padrões de ocupação, distribuição de doenças, e fluxos de mobilidade.
3. Exemplos demonstram como SIG pode mapear padrões de forma urbana, como dispersão, concentração e alongamento, além de fluxos populacionais.
O documento discute o mapeamento participativo de territórios e comunidades para promover a saúde de forma intersetorial. Ele explica que o mapeamento, como o Mapa Falante, valoriza as percepções locais e identifica recursos, problemas e fluxos para orientar o planejamento de ações. Também apresenta exemplos de mapeamentos digitais realizados com jovens para mapear riscos socioambientais e apoiar o desenvolvimento comunitário.
O documento discute um projeto de urbanismo para a Rua 25 de Março em São Paulo, visando melhorar a caminhabilidade. Atualmente existe um conflito entre meios motorizados e não motorizados na rua, que é o maior centro de compras a céu aberto da América Latina, impactando mais de um milhão de pessoas por dia. O projeto utilizou métodos para analisar a utilização do espaço pelas pessoas e identificar soluções para melhorar a segurança, visibilidade e qualidade urbana por meio da requalificação das calç
O documento discute o jornalismo cidadão e geolocalizado no contexto da mídia digital. Apresenta o projeto Locast, que usa mapas para organizar notícias de acordo com a localização, permitindo que cidadãos produzam conteúdo sobre suas rotinas urbanas. Também discute como o Foursquare pode ser usado para encontrar fontes e divulgar informações locais, aproximando jornalismo e público.
O documento discute o uso de geotecnologias sociais como cartografia social, mapeamento participativo e colaborativo. Apresenta exemplos de projetos que utilizaram essas abordagens para planejamento urbano e ambiental participativo em comunidades e assentamentos.
MapasColetivos é uma plataforma colaborativa que permite que cidadãos mapeiem dados sobre qualidade de vida em suas cidades e criem novos indicadores públicos de forma participativa através de jornalismo cidadão e mapeamento coletivo de problemas e soluções em 10 categorias.
Patri_Lab - Pesquisas Seminário PPGAU Março 2012Patri_lab UFES
O documento descreve um seminário de pós-graduação sobre intervenção urbana e patrimônio cultural realizado na Universidade Federal do Espírito Santo. Apresenta duas linhas de pesquisa, seus projetos e subprojetos, que abordam a relação entre patrimônio e desenvolvimento territorial e a inserção de novas construções em contextos históricos.
Geoprocessamento na gestão urbana municipal – a experiência dos municípios mi...Sheila Moreira Bezerra
O documento discute a aplicação do geoprocessamento na gestão urbana municipal, tomando como exemplos as experiências dos municípios mineiros de Sabará e Nova Lima. O geoprocessamento surgiu no final do século XX como uma ferramenta para interpretações espaciais e pode ser usado para mapear informações sobre relevo, hidrografia, zoneamento e mais. O Ministério das Cidades lançou um projeto em 2008 para capacitar técnicos municipais em geoprocessamento e assim promover uma nova cultura de gestão pública.
Artigo apresentado no 6º Interprogramas de Mestrado da Cásper Líbero. Faz uso de Materialidades da Comunicação e teoria Ator-Rede (ANT) para uma compreensão inicial dos sentidos de mapeamento colaborativo.
A cidade, as fotos e suas inscrições: a formatação de mapas através de regist...Paulo Victor Sousa
1. O artigo explora como mapas urbanos podem ser formatados a partir de registros de fotos feitas por usuários em sites de compartilhamento.
2. Analisa como redes heterogêneas compostas por variáveis sociais e técnicas se associam para resultar em inscrições nas cidades a partir de informações de localização no Flickr.
3. Estuda o projeto "Locals and Tourists" do artista Eric Fischer, que mapeia como moradores e visitantes registram lugares nas cidades por meio de fotos em redes sociais.
A cidade, as fotos e as suas inscrições: a formatação de mapas através de reg...Paulo Victor Sousa
O documento discute como registros fotográficos em sites como Flickr podem ser usados para mapear cidades e representar como diferentes áreas são apropriadas por moradores e visitantes. Ele analisa como o projeto Locals and Tourists usa essas fotos geotagged para criar mapas que mostram padrões de onde turistas e moradores tiram fotos e como isso revela aspectos da cidade.
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3. Exemplos demonstram como SIG pode mapear padrões de forma urbana, como dispersão, concentração e alongamento, além de fluxos populacionais.
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A cidade, as fotos e as suas inscrições: a formatação de mapas através de reg...Paulo Victor Sousa
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Entre o ser e o estar: a representação do eu no lugar do FoursquarePaulo Victor Sousa
O documento discute a rede social móvel Foursquare, incluindo seu funcionamento por meio de check-ins em locais, a dinâmica de pontuação e ranking de usuários, e badges. Também aborda como o Foursquare representa o eu e o lugar de seus usuários e considera se isso deturpa ou não a proposta original do aplicativo.
Cartografia 2.0: Pensando o Mapeamento Participativo na InternetPaulo Victor Sousa
Slides do trabalho apresentado no XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - Intercom. Apresento aqui uma exploração por diversos exemplos de mapas online abertos à participação. Proponho, por fim, uma breve tipologia relativa aos enquadramentos temáticos adotados.
O documento discute como os mapas podem ter diferentes significados dependendo de seu meio e contexto. Analisa como mapas digitais, físicos e narrativas podem produzir sentidos diferentes e como o meio influencia na mensagem. Também reflete sobre como mapas podem dar voz a diferentes narrativas sobre uma cidade e seu povo.
O documento discute a aplicação da Teoria Ator-Rede (ANT) para analisar mídias locativas, como mapas online e aplicativos de geolocalização. A ANT permite observar a sociedade pela associação de agentes humanos e não-humanos, e as mídias locativas podem ser usadas para estudar essas associações na microescala do cotidiano.
Mapas Colaborativos: Vigilância distribuída e reescritas da cidadePaulo Victor Sousa
O documento discute mapas colaborativos e mídias locativas, destacando como essas ferramentas permitem reescritas do espaço urbano fora do discurso oficial e vigilância distribuída. Exemplos de aplicativos são apresentados para demonstrar problemas urbanos, subjetividade, serviços e contravigilância.
Mapas colaborativos: subversão de vigilância e poder
Mapas colaborativos: Subversão de vigilância e poder
1. Mapas colaborativos:
Subversão de vigilância e poder
Paulo Victor Sousa1
Resumo
Ao ganhar relevância na atual estrutura da cibercultura, os mapas colaborativos tem se
mostrado como importante alvo de pesquisa nos estudos sobre mídia locativa.
Contrapondo-se e superando os formatos tradicionais, os mapas vigentes na chamada web
2.0 subvertem a lógica de vigilância e poder, na medida em que estão abertos à
visualização e edição por parte do conhecimento comum. Com a capacidade de terem
vinculadas a si camadas de informação, tais mapas se tornam instrumentos de discurso do
cotidiano, podendo funcionar para a crítica e contestação situacional por parte da
população. Tomando como objeto de investigação o mapa colaborativo #buracosfortaleza,
este artigo visa a discorrer sobre os quesitos levantados. Dessa forma, uma questão central
se coloca: como os habitantes da capital cearense podem se apropriar da ferramenta para
expressar a própria insatisfação?
Palavras-chave: mapeamento colaborativo, anotação espacial, mídias locativas.
1
Aluno de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da
Universidade Federal da Bahia – UFBA. E-mail: pvbsousa@gmail.com
2. Introdução
Como parte dos estudos atuais de mídia locativa (Nova, 2004), os mapas
colaborativos têm se mostrado como um importante alvo de investigação para além de
considerações geográficas. Escapando do saber hermético e popularizando-se a partir de
ferramentas simplificadas como o Google Maps – um dos serviços mais populares da área
– o mapeamento colaborativo, realizado a partir do conhecimento comum e participação
aberta, traz à tona relevantes rastros da sociedade como um todo: críticas, medos, anseios,
desejos, dentre outros indicadores por ora ignorados ou abafados, ganham coordenadas e
visibilidade num plano cartográfico, carregando consigo camadas de informação e
conhecimento inerentes àqueles que mapeiam.
Entendemos aqui mapa colaborativo como aquele constituído a partir de anotações
espaciais sobre registros territoriais já concebidos (Nova, 2004), realizadas em rede e em
contraponto às formas cartográficas tradicionais (Paraskevopoulou, 2008). Como
funcionalidade característica, tais mapas não se destinam exclusivamente a trazer
representações territoriais, mas situar as sinalizações sociais: eles “no tienen como única
intención representar el entorno urbano, sino que también quieren reafirmar la vida urbana
e fomentar las redes sociales” (Paraskevopoulou, 2008, p. 10).
Tendo em vista o papel relevante dos mapas colaborativos, este artigo traz uma
análise do mapa #buracosfortaleza, o qual aponta problemas na malha viária da capital
cearense. Compreendido como uma ferramenta resultante de reapropriações, discute-se
aqui sobre o potencial de cidadania que tal instrumento confere aos moradores da cidade.
Situando o #buracosfortaleza
Assim como boa parte das capitais brasileiras, Fortaleza possui vários dos problemas
típicos de uma metrópole: altos níveis de poluição e criminalidade, empecilhos vários na
habitação, prostituição e exploração sexual, menores de idade abandonados, dentre outros.
O trânsito de veículos, claro, não poderia escapar ao conjunto de dificuldades: a cidade está
superlotada de carros e motos, o transporte público é precário e já não há tanto espaço para
novos logradouros ou alargamento daqueles já bastante congestionados. A situação nos
leva rapidamente a uma situação até previsível: ao intenso tráfego de veículos somam-se
chuvas e certo descaso por parte da prefeitura e obtemos como resultado um expressivo
quadro de buracos na malha viária da capital do Ceará.
3. Poderíamos trazer à tona dados oficiais dos órgãos competentes – que provavelmente
se esforçariam para mostrar que o asfalto não está tão ruim ou que até já esteve pior na
administração de outro partido. Poderíamos, também, fazer o levantamento de reportagens
– corroborando ou refutando a palavra da prefeitura – que mostrassem a verdadeira
condição (seja ela qual for) das ruas e avenidas. Entretanto, no atual contexto de produção
e colaboração de conteúdo oferecido pela estrutura descentralizada da cibercultura, poucos
exemplos parecem expressar tão bem a indignação popular quanto o #buracosfortaleza.
Criado em abril de 2009 a partir da iniciativa popular e divulgado por meio de blogs
pessoais e perfis no Twitter2, #buracosfortaleza (Fig. 1) é um mapa colaborativo cujo
intuito é apontar, sobre um plano cartográfico online, os problemas da malha viária
fortalezense. Descentralizado, o mapa não existe em uma página da web específica3: está
espraiado dentro do Google Maps, plataforma onde está baseado, e todas as falhas são
reunidas (por questões de organização e facilidade de busca) sob a tag que dá nome ao
mesmo (identificada pelo caractere #). A visualização, criação e edição dos defeitos na
malha viária são livres a todos. E é a partir de suas características de abertura, cooperação e
utilização popular que este artigo busca tratar os mapas colaborativos como ferramentas de
democracia e emancipação.
Figura 1 - Visualização parcial do #buracosfortaleza.
2
Maiores detalhes sobre a criação e divulgação podem ser encontradas no blog pessoal de um dos criadores
do mapa: Disponível em< http://liberdadedigital.com.br/2009/05/04/colaboracao-blogueiros-mapeam-
trechos-com-buracos-em-fortaleza/>. Acesso em 20/07/2010.
3
Os criadores indicam o endereço
<http://maps.google.com/maps/ms?ie=UTF8&hl=en&msa=0&msid=114434432094326506356.000468b42e
61d4606e18c&z=12 (ou <http://bit.ly/FHG05>), mas também é possível fazer a busca no Google Maps a
partir da tag #buracosfortaleza. Acesso em 26/09/2009.
4. Problematizando os mapas colaborativos
O mapa em questão é um dos diversos exemplos encontrados na web que atestam a
ocorrência de novas práticas cartográficas: o mapeamento colaborativo. Indo de encontro à
cartografia clássica, os mapas colaborativos são expoentes de outras formas de olhar sobre
os territórios. Tradicionalmente, o ato de mapear servia a uma racionalização do espaço,
segundo uma ordem institucional, no intuito de demarcar fronteiras entre países ou cidades
e ainda ter uma supervisão (supervidere) a propósito de propriedades particulares e das
populações (Bruno, 2010), tendo em vista as premissas básicas para a formação da
modernidade: empirismo, quantificação, divisão do tempo e conquista da natureza (Lemos,
2002).
A partir do século XVIII e no decorrer do século XIX, o desenho do território urbano
visa a delinear áreas a partir de parâmetros sociais e econômicos buscando, por exemplo,
estabelecer relações causais entre os dados obtidos. Além disso, a criação de mapas só era
possível a partir de conhecimentos herméticos: “a cartografia-cadastro é uma tecnologia
privilegiada das diversas formas de governo e constituição dos Estados, regulando seus
processos internos” (Bruno, 2010, p. 160).
Desde o surgimento dos primeiros modelos, a representação espacial em duas
dimensões sempre apresentou distorções inerentes à prática cartográfica. Além das
vicissitudes técnicas, é necessário ressaltar o caráter subjetivo de qualquer mapa: nenhum é
objetivo ou neutro, carregando consigo ideias arraigadas e convenções sobre a percepção
do mundo. Todos os mapas “distorsionan la distancia, la escala, la forma, el área, o la
dirección para presentar una imagen que satisfaga las necesidades de los fabricantes o los
usuarios” (Paraskevopoulou, 2008, p. 7).
Com o advento dos mapas abertos à participação, o registro exclusivo do espaço, de
certa forma, esquiva-se de órgãos oficiais, empresas e profissionais especializados:
encontrando facilidade nas interfaces amigáveis e em ferramentas de anotação espacial
simplificadas, qualquer indivíduo leigo, possuindo um mínimo de conhecimento acerca da
internet e do próprio serviço de mapeamento em uso, pode (sob determinadas
circunstâncias e respeitando os limites técnicos do mecanismo) “reconstruir” os mapas de
seu país, sua cidade ou de seu bairro. Dessa forma, o saber cartográfico “passa ao domínio
comum e ordinário, seguindo a velocidade e diversidade do ritmo participativo da web 2.0,
visíveis nos inúmeros tipos de mapas que surgem a cada dia na Internet” (Bruno, 2010, p.
162).
5. Os mapas colaborativos, a partir de sua escrita aberta, podem se caracterizar como
mapas de anexação (Mitew, 2008). Indo além do ato de descobrir a territorialidade,
documentá-la e lançar sobre ela um panorama generalista, a construção colaborativa
adiciona camadas de informação sobre as bases topográficas dadas. O mapa dos buracos na
malha viária de Fortaleza não é apenas uma extensão ou representação da geografia local,
mas uma ferramenta de inscrição sobre ela (Fig. 2). Nesse sentido, é interessante notar
como a anotação espacial ajuda a atualizar as informações sobre o espaço: a exibição dos
territórios no Google Maps não se dá em tempo real (mesmo na visualização por satélite).
O que pode parecer – e mesmo ser dito – como em perfeito estado acaba negado pelas
intervenções populares. Ou seja, por quem realmente lida com os problemas da urbe.
Figura 2 - Além do apontamento sobre o plano da cidade, é possível realizar anotações sobre o problema
específico. O mapa, assim, vai ganhando diversas camadas de informações.
Por esse viés, o mapa colaborativo é tido como uma interface de conhecimento,
experiência, memória e potencialidade (Mitew, 2008): conhecimento e experiência por
lidar com a inteligência coletiva (Lévy, 2000) para sua própria constituição –
#buracosfortaleza existe para e pelos cidadãos; memória por ser um registro da cidade –
mesmo que venham a serem consertados, os problemas viários não deixarão de existir no
histórico do mapa, mesmo que apareçam como solucionados; e potencialidade por
apresentarem em si a possibilidade de mudanças a partir da observação e apontamento dos
problemas.
É preciso situar o mapeamento livre à participação em meio às estruturas técnicas
contemporâneas. November et al. (s/d) consideram que a experiência cartográfica atual se
traduz como um acesso a um banco de dados: mais que observar rotas ou limites
territoriais, adentra-se numa interface e recupera-se a informação desejada dentre as
diversas camadas disponíveis. Tal manuseio só é possível diante do computador como um
6. divisor de águas: a partir deste, os mapas ganham funções diversificadas, como
visualização de ruas, busca por dados históricos, rastreamento de pessoas e objetos, dentre
outras (November et al, s/d).
É necessário ressaltar que quando falamos de mapas colaborativos, não tratamos de
redesenhos das demarcações já concebidas – embora haja possibilidades nesse sentido, não
tratadas neste artigo. No caso do #buracosfortaleza, o que está aberto aos usuários é a
possibilidade de criar determinadas informações (ou buscá-las posteriormente) sobre os
territórios por onde circula ou pelos quais deseja transitar. Mapear, dessa maneira, deixa de
ser o mero esboço de fronteiras ou a representação geográfica do espaço e passa a ter um
significado estabelecido por aqueles que mapeiam, demarcam, referenciam. Ou seja, o
sentido passa a ser fornecido pelos próprios cidadãos. A informação “oficial” ainda existe,
vale observar, porém, para além dela, estão disponíveis os dados “não-oficiais” daqueles
que realmente vivem os contratempos da urbe.
Subvertendo a vigilância
Fernanda Bruno propõe o termo vigilância distribuída para definir a característica de
observação generalizada na sociedade atual, “de modo descentralizado, não hierárquico e
com uma diversidade de propósitos, funções e significações nos mais diferentes setores”
(Bruno, 2010, p. 156). O ato de vigiar – usado pela autora como sinônimo de
monitoramento, controle, supervisão, sem grandes distinções – faz parte da nossa
sociedade contemporânea, atuando como um dos eixos centrais da estrutura de
megacorporações, as quais, no intuito de lidar com o futuro de suas economias, precisam
ter em mãos um volume imenso de dados de usuários e clientes em geral. Ao tratar de
empresas como Google e Yahoo, Bruno aponta: “o monitoramento das informações e ações
dos indivíduos no ciberespaço é intrínseco a qualquer motor de busca, fazendo parte do seu
funcionamento e eficiência” (Bruno, 2010, p. 158).
Entretanto, o sujeito na contemporaneidade, subjugado à vigilância distribuída, não
apenas é vigiado, mas também exerce, ele mesmo, um olhar vigilante. Entendendo que o
poder não se dá necessariamente como um vetor de cima abaixo a partir de instâncias
oficiais, encontrando-se permeado em toda a sociedade (Foucault, 1997), é possível
encarar aqui uma possibilidade contracartografia (Mittew, 2008): os mesmos sistemas que
funcionam para o monitoramento generalizado servem também como palco de cidadania,
posta lado a lado a ações participativas. Como mostra Bruno, “em alguns casos, a produção
7. de conteúdo está associado ao posicionamento do produtor-usuário como vigilante”
(Bruno, 2010, p. 159).
Na conjuntura de mapeamento colaborativo encontramos, portanto, uma espécie de
inversão nos papéis, ou antes um acréscimo de funções: convocado a participar desse
contexto de vigilância distribuída, contribuindo com um algum dado que possa fornecer,
cada pessoa passa a fazer parte de um grande sistema de observação generalizada: “A
vigilância participativa é ao mesmo tempo para todos, por todos e para cada um” (Bruno,
2010, p. 165).
Dessa maneira, o poder não parte simplesmente numa imposição de cima abaixo,
estando, de fato, permeado na sociedade e nela se exercendo sob formas de saber.
Onipresente, não apenas está em todos os lugares, mas origina-se de todos os lados,
atuando sobre o corpo social e por ele mesmo sendo alimentado. Entretanto, uma vez nas
mãos de cidadãos comuns, poderá servir como instrumento de crítica e empoderamento.
Análogo ao pensamento de Bruno, Jenkins (2008) utiliza o termo cidadão monitor
para caracterizar o indivíduo atento, vigilante, que não atua ativamente no cotidiano mas
está sempre em estado de alerta. O mapeamento dos problemas viários de Fortaleza, ao
partir da própria população, é exemplo da reinvenção de ferramentas de terceiros. A partir
de reapropriações – usa-se o aparato com um fim diferente daquele para o qual foi
projetado – o cidadão comum monitora seu ambiente, transformando dispositivos de
supervisão e controle em ferramentas de cidadania. De passiva consumidora de
informação, a sociedade, antes espectadora, adquire um papel de usuária-produtora e passa
a ter em mãos possibilidades próprias para falar de si e de seu contexto.
Apontar num mapa os problemas de uma cidade – de qualquer que seja a natureza –
também se configura como uma forma contundente de crítica às entidades de governo na
medida em que tais problemas saem de uma esfera particular – funcionários e instâncias
administrativas – e passam ao conhecimento público, ganhando notoriedade por sua
documentação e divulgação.
Conclusão
Buscamos apontar neste artigo as características que fazem do mapa colaborativo
como uma ferramenta de participação democrática e cidadania. Utilizamos como estudo de
caso o #buracosfortaleza, criado pela população e divulgado a partir de ferramentas livres
na internet. A argumentação geral se dá num sentido de subversão de poder: se antes os
8. mapas tinham propósitos de controle, monitoramento, agora se encontram reapropriados
pela sociedade, ganhando novas funções contestação e crítica.
O mapa em questão é apenas um dos diversos exemplos encontrados na web. Com
uma lógica similar ao #buracosfortaleza e também dignos de nota, podemos citar
WikiCrimes4, que aponta áreas de ocorrência criminal, FixMyStreet5, onde usuários
assinalam problemas de seus bairros (na Grã-Bretanha), ou o recente Eleitor 20106, no qual
é possível denunciar e reportar no mapa do Brasil problemas que envolvam a campanha
eleitoral deste ano. Cada um desses serviços, a seu próprio modo, auxilia no processo de
empoderamento do cidadão, servindo de instrumentos discursivos – mesmo que bastante
localizado – àqueles tem pouca voz diante de contextos massivos de comunicação.
Em cada um destes casos, é necessário frisar a capacidade de anexar informações aos
planos cartográficos. Para além de buscarem uma representação fidedigna do território,
aqueles que produzem e mantêm os mapas colaborativos parecem se preocupar bem mais
com a sobreposição de informações que com a exatidão dos dados. Ou seja, não interessa
se há um bueiro aberto precisamente aqui ou alguns metros adiante: realizar anotações
espaciais, neste caso, não trata de alocar com rigor pontos específicos no mapa, mas trazer
à tona as relações sociais forjadas no dia-a-dia – sejam problemas na malha viária,
propagandas eleitorais irregulares ou assaltos realizados na esquina de casa. O que conta,
assim, é que o cotidiano encontra para si uma forma de ser narrado e localizado.
4
Disponível em <http://www.wikicrimes.org>.
5
Disponível em <http://www.fixmystreet.com>.
6
Disponível em <http://eleitor2010.com>.
9. Referências
Bruno, F. Mapas de crime: vigilância distribuída e participação na cultura
contemporânea. In Bruno, F. et al. Vigilância e visibilidade: Espaço, Tecnologia e
Identificação. Porto Alegre: Sulina, 2010.
Foucault, M. História da Sexualidade I: A vontade de saber. 12ª ed. Rio de Janeiro:
Graal, 1997.
Lemos, A. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto
Alegre: Sulina, 2002.
Lévy, P. Cibercultura. 2ª ed. São Paulo: Ed. 34, 2000.
Jenkins, H. Cultura da Convergência. São Paulo, Aleph, 2008.
Mitew, T. Repopulating the Map: Why Subjects and Things are Never Alone. In Fibre
Culture Journal, issue 13, 2008. Disponível em
<http://journal.fibreculture.org/issue13/issue13_mitew.html>.
Nova, N. Locative Media: a literature review. In Craft Research Report_2, fevereiro
de 2004. Disponível em <http://test.waag.org/mobstuff/docs/CRAFT_report2.pdf>.
November, V. et al. The Territory is the Map – Space in the Age of Digital
Navigation. Submitted to Environment and Planning. Versão final: “Entering a Risky
Territory: Space in the Age of Digital Navigation”. Disponível em
<http://www.bruno-latour.fr/articles/article/117-MAP-FINAL.pdf>. S/D.
Paraskevoupoulou, O. et al. Práticas artisticas basadas en la localización que
desafían la noción tradicional de cartografia. In Artnoes, nº 8, dezembro de 2008.
Disponível em <http://artnodes.uoc.edu>.
10. Currículo do autor
Paulo Victor Sousa é aluno de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia – UFBA,
onde participa do Grupo de Pesquisa em Cibercidade. É graduado em Comunicação
Social pela Universidade de Fortaleza e possui experiência profissional com design
gráfico e desenvolvimento web.